Os ciganos fazem parte de uma familia numerosa, sao dotados de uma intuição extremamente sensível, infelizmente esses povos passam despercebidos em nosso dia-a-dia.
As principais formas de identificação das familias ciganas antigamente se dava atraves dos grupos, que inicialmente observavam o sobrenome, as formas de se vestir, e a oralidade atraves da lingua cigana de origem.
Nos dias atuais, devido a discriminação contra os ciganos, houve a dispersao dos grupos, fazendo com que estes se perdessem da tradicao dos sobrenomes que eram considerados "marca registrada" dessas famílias ciganas.
Com o passar dos tempos, houve ainda à miscigenação e os ciganos acabaram casando-se com as nao ciganas (jurins/gadjins) o que ocasionou no nascimento de ciganos cada vez mais mestiços, desinteressados culturalmente.
Com a miscigenação acabou-se a importancia do sobrenome nas familias ciganas, o que dificulta no auto reconhecimento entre as famílias.
As roupas antigamente eram motivo de orgulho para as familias cigana, as mulheres disputavam o titulo de vestido mais bonito nas festas familiares. Hoje as ciganas mais nova usam roupas nao ciganas cada vez mais curtas.
Ir a praia antigamente, so se fosse de vestido e em dia de semana. Ou ate para "manguinhar", ler mao, etc.
A oralidade que e proporcionada atraves da lingua cigana e motivo de preocupação, afinal os mais novos demonstram que nao a dominam comos os de antigamente.
Com a curiosidade de alguns pesquisadores, historiadores, alunos de universidades, surgiu a curiosidade de aprender e repassar a lingua aos nao ciganos, e isso nao e bem visto por alguns grupos ciganos.
Com dificuldade de se auto recomhecerem a lingua sofre alteracoes. Como forma de defender seu patrimônio cultural oral, que segundo os ciganos e o que ainda resta.
A pluraridade étnica dos ciganos independente a que grupo pertença e originada atraves dos anos de nomadismo. E Se deu atraves das incertezas de um povo sofrido e discriminado pelos nao ciganos, literalmente po caminhas nas estradas da vida.
Os principais grupos ciganos sao:
1. CALON
- Origem: Península Ibérica, particularmente Espanha e Portugal, chegaram ao Brasil no século XVI.
Estão distribuídos ainda em Portugal e Espanha (particularmente Andaluzia), além da África do Norte, sul da França e Brasil (Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná). Sua maior concentração sedentária está no Rio de Janeiro (só no Largo do Machado e Catumbi, somam quase 200 mil). Também conhecidos como “ciganos ibéricos”, formam o maior grupo nômade do mundo, sendo também a maioria dos “ciganos brasileiros”. Estima-se que 70% da população “cigana brasileira” seja Calon.
- Meio de vida: Originalmente, eram agricultores, artesãos, criadores, domadores, negociantes de cavalos, ferreiros, músicos, cantores e dançarinos.
Os sedentários são médicos, advogados, juízes, procuradores, policiais, artistas, jornalistas, comerciantes, oficiais de justiça, professores etc.
Os nômades (homens) vivem principalmente da comercialização de produtos (relógios, cavalos, canetas, automóveis, celulares etc.), enquanto suas mulheres praticam a DRABE (leitura da sorte). Quando sedentários são poucas as tradições mantidas, possivelmente por estar a muito tempo inseridos na sociedade civilizada. Poucos ainda se casam entre seu povo, o que significa para os ciganos em geral, uma perda irreparável de nossas tradições. Muitos já não falam o dialeto Calon. Neste grupo estão os muito ricos e os paupérrimos! É o grupo mais conhecido, principalmente pelo fato das mulheres estarem sempre nas ruas fazendo leitura de mãos.
- Língua: Chib.
- Subgrupos: KALÊ ou KAKUTE e TCHURARA ou CHURARI. Muito provavelmente, Churari é um subgrupo Kalderash, não Calon; nenhum autor brasileiro faz referência a subgrupos Calon com denominações específicas.
2. “ROM”
O grupo chamado de “ROM” são reconhecidos pelos calons pelo nome de tacheiros (habilidade dos kaldarash de fazer tachos, panelas e outros acessórios de cozinha em cobre),
O grupo calon não reconhece TODAS as divisões dos grupos Rom como ciganos, pois a maioria dos ciganos que povoam o Nordeste Brasileiro, são Calons, encontrando pequenos grupos de RONS no nordeste, eles são minoria.
Já os Rons, eles são maioria está no sudeste e centro-oeste Brasileiro.
Muitos costumam dizer que em São paulo e Rio de janeiro, "se tropeça" na Romá no meio da rua. de tão numerosa a população romá nestes dois estados.
Por isso, a melhor maneira de se identificar um Rom para um calon no Nordeste, é se autodenominar Tacheiro, por total desconhecimento dos demais grupos Rons pelos Calons. não importando que sejam, roraranê, Matchuaias, Lovare, etc.
Os rons, se dividem em aproximadamente 8 grupos, mas o Kalderash é a maioria,
veja abaixo:
2.1 - Kalderash, é tido como a maior vitsa hoje no brasil, e sua lingua o Romanês Kaldarash, ou conhecida como vlax romani tornou-se a língua mãe do romani Brasileiro. São também considerados como “guardiões” da cultura cigana, pois no geral foi o grupo que mais preservou as tradições, embora a maioria hoje seja sedentária. Assemelham-se aos calons por morarem de barracas em algumas cidades, especialmente no sul e suldeste do Brasil.
- Origem: Originários dos Bálcãs, da Europa Central e do Leste, vieram da Rússia para a França no começo do século XX. Alguns autores informam: “Prováveis descendentes do “Rúska Romá” (ciganos russos), que emigraram nos séculos XVIII e XIX, principalmente da Polônia”. Encontramos em outros livros, assim: “Vieram da Romênia, Pérsia (Irã), Grécia, Alemanha, Rússia e Itália, ou como eles mesmos gostam de dizer, “nos quatro cantos do mundo”.
Os Kalderash, erradamente chamados “Rom” ou pior ainda ”Romá” (plural de rom) se concentram em São Paulo (maioria nos arredores de Campinas), Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Começaram a chegar ao Brasil por volta de 1882, embora a maioria tenha vindo no período entre as duas guerras mundiais. Segundo estatísticas, já em 1959 eram 134 mil no Brasil. Falam o “Romanês” (mais adiante esclarecerei sobre a questão da língua “Romanês”) enquanto seus subgrupos falam dialetos bastante diferentes. São indiscutivelmente claros os seus vínculos culturais com o passado da Romênia. Os Kalderash são tradicionalmente mais cultos e mais ricos do que os outros grupos, e a posição social que ocupam, alimenta sua discriminação contra os Calon.
- Meio de vida: Eram caldeireiros, comerciantes, especialistas em pequenos concertos. Hoje também são mecânicos, serralheiros, artistas de circo, músicos, ourives, artesãos e “mensageiros do destino”. Os ainda nômades vivem da comercialização de cobertores, automóveis, empréstimo de dinheiro e aluguel de imóveis. Entre os sedentarizados é comum encontramos escritores, profissionais liberais, advogados, comerciantes e artistas.
- Língua: Romanês Kaldarash.
- Subgrupos: LOVARI, BOYHAS, LURI ou LULI, CHURARI, TCHURARE ou TCHURARA (ao que tudo indica, os TCHURARE são descendentes de guerreiros Húngaros e vieram da Rússia. A maioria reside no Rio de Janeiro) e os RORARANÊ (chamados “TURCO-AMERICANOS”, emigrantes da Turquia).
2.2 RAGARES ou RAGATCHE
Origem: Procedem do Egito, da Grécia, do Líbano, da Palestina e da Síria. A maioria está no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, também Itaguaí e Campo Grande. Têm moradia fixa. Raramente armam suas barracas, mas conservam as tradições ciganas mais fortes.
Meio de vida: Exercem profissões liberais.
Língua: Romanês (meio misturado com palavras em Sânscrito)
Origem: Turcos e Gregos, em geral ancestrais turcos e todos já sedentários.
Meio de vida: São renomados vendedores ambulantes, músicos, dançarinos, quiromantes e comerciantes. No geral são abastados e os que mais negam a ciganidade. São chamados também de comedores de velas";
Língua: Alguns falam o Romani, outros Xoraxané (ou Xoraxanó).
2.4 RUDARI, RUDARE ou LADARI
Origem: Por serem tratados também de “Grupo tradicional na Romênia”, acredita-se que lá estão suas origens. Encontram-se principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, tendo um bom nível econômico-financeiro;
Meio de vida: Excelentes ourives e artesãos na madeira.
Língua: Romani (muito variado)
2.5 MATHIWIA ou MACWAIA ou MATCHUAI
Origem: Vindos da Iugoslávia, descendem de Húngaros, Alemães e Eslavos. Sempre foram muito propensos a sedentarização e, por isto mesmo inclinados à perda da identidade étnica. Concentra-se nos grandes centros e praticam um nomadismo diferente: mudam de cidade para cidade, mas se hospedam em hotel. Um grande número vive em São Paulo e Campinas.
Meio de vida: Proprietários de imóveis e vendedores viajantes.
Língua: Romanês.
2.6 - LOVARIAS ou LOVARE
Origem: Não muito certa, mas, provavelmente a Hungria. No Brasil fazem-se passar por “emigrantes italianos”. Concentra-se principalmente na Hungria. No Brasil são encontrados principalmente em São Paulo. É um grupo em franco recesso cultural.
Meio de vida: Já perderam muito das tradições, como por exemplo: as mulheres não praticam as artes adivinhatórias. A maioria é comerciante.
Língua: Uma espécie de húngaro-romanês.
2.7 - PANDÚRIA ou PANKURKOS
É um grupo relativamente pequeno, já sedentário e quase nada conhecemos sobre ele.
2.8 - BOAISCH, BOYHAS ou BUNHACHE
Origem: Transilvânia. Os sedentários são encontrados particularmente em Goiás e no Rio Grande do Sul.
Meio de vida: Mambembes, amestradores de amimais, artistas de circos e paqueiros.
Língua: Caló.
SUBGRUPOS DE SUBGRUPOS:
- KASTIGARE e MOLDOWAI: São grupos relativamente pequenos, há muito sedentarizados e pouco sabemos sobre eles.
- GURBETOS ou GURBETAS, MANUSHES ou MANUCHES: Em maioria são nômades de circo. Trabalham como domadores de animais, equilibristas, malabaristas, atores e cantores. Excelentes artistas estão em grandes e médios circos (Thiani, Orlando Orfei, Wostok, Garcia e Portugal). Entre eles estão às famílias Robatines (de origem italiana) e Stevanovitches (de origem iugoslava). Muitos hoje são profissionais liberais. Grande parte desses ciganos negam a identidade étnica. Neste subgrupo também encontramos vários ciganos LOVARIAS.
Nota: Corrijo aqui outro erro que há muito vem sendo cometido: trata-se da palavra “MANUCHE”, principalmente quando se atribui a ela uma referência étnica, ou seja, “um CLÃ subgrupo dos SINTI”, como vários escritores registraram.
- Manuche ou Manusch é uma palavra que se originou ou do Sânscrito ou do Alemão (“MENSCH”), que significa “homem de verdade” no dialeto Calon, ou “cavalo” no dialeto Chibe. Só é considerado um etnônimo pelas populações ciganas que falam os dialetos germânicos. Entre nós, quando nos referimos à pessoa do homem cigano, de qualquer clã, dizemos “manuche romanô” (pessoa do cigano). Manuche não é nome de um subgrupo Sinti, ou como pretendem alguns escritores, “os tradicionais boêmios”.
Chamo a atenção do leitor, para o fato de que estas divisões dos grupos não deixam de ser arbitrárias, já que existem várias dezenas de grupos nômades, como por exemplo, os BARENGRÉ, cuja vinculação étnica aos verdadeiros ciganos é ainda incerta.
Pelo mundo afora encontramos diferentes nomenclaturas, como no quadro a seguir (conservamos a grafia original), mostrando o circuito migratório destes ciganos pela Europa.
3. SINTI ou HITALIHIÁ
- Origem: Sindo (Paquistão). Mas “Sintés” é também um patrimônio Espanhol e Português na costa Oeste da Índia (Goa), que antes da chegada dos europeus tinha o nome de “Sindabour” (a cidade do Sind). Este grupo estabeleceu-se, sobretudo na Itália, (também na Alemanha e França), onde são numericamente expressivos. Hoje sua grande maioria é sedentária. Chamados também de Sintipiemontesi, a maioria italiana fala o dialeto Sintó. Possivelmente chegaram ao país durante o século XIX, vindos de vários países europeus, junto com colonos alemães e italianos.
- Meio de vida: Originalmente eram ourives e artesãos. No Brasil, nunca foi feita uma pesquisa apurada sobre sua presença.
- Língua: Sinto.
- Subgrupos: Para os ciganólogos europeus: VALSIKANÈS (são os ciganos FRANCESES); GAYGIKANÈS (os Sinti ALEMÃES) e PIEMONTESI (que são os ciganos ITALIANOS).
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